Introdução
No âmbito da unidade curricular de
Tecnologias Especiais de Comunicação segundo os Handicaps I, foi pedido para se
realizar a planificação de uma actividade em que estivesse presente a Comunicação
Aumentativa e Alternativa. Nesse sentido, foi proposto pela docente que
idealizássemos um cenário em que, no decorrer de uma actividade com um
determinado grupo, um dos elementos deste grupo tivesse dificuldades
comunicativas.
Este trabalho tem como principal
objectivo em construir uma planificação cuidadosa da actividade, cujo objectivo
central é permitir oportunidades iguais de interacção e de expressão entre
todos os indivíduos pertencentes a um grupo, mas com especial atenção no
indivíduo com dificuldades comunicativas.
A primeira parte diz respeito a uma
justificação teórica e a segunda diz respeito ao Planificação da Actividade “Comunicação”
em que define o grupo alvo e a descrição do mesmo.
O terceiro ponto vai referir uma pequena conclusão.
1. Justificação Teórica
Comunicar é uma função inerente ao ser
humano, é o processo pelo qual o homem estabelece relações interpessoais,
podemos dizer que comunicar é a troca de ideias sentimentos, experiências,
entre pessoas que conhecem o significado daquilo que se diz e de que se faz. Comunicamos
através de movimentos, olhares, gestos, sorrisos, expressões faciais, choro,
etc. Mas no entanto a fala é a forma de comunicação humana, mais comum, apesar
de nem todas as pessoas falarem.
Geralmente, as crianças dizem as
primeiras palavras entre os 10 e os 13 meses de idade, e em média começam a
usar frases de duas palavras aos 18 meses. Apenas cerca de três por cento das
crianças ainda não começaram a falar aos 2 anos e quatro por cento das crianças
não dizem três palavras consecutivas, com significado, aos 3 anos (Fundudis,
Kolvin e Garside, 1979). A incidência de perturbações graves da linguagem é de
7 a 8 em cada 10 000 crianças (Ingram, 1975).
O desenvolvimento tardio da linguagem
leva a que estas crianças tenham um vocabulário limitado e que tenham um
conhecimento do mundo mais reduzido do que as outras crianças da sua idade.
As crianças com perturbações da
linguagem sentem que não são compreendidas quando tentam comunicar, pelo facto
de não as compreenderem, as pessoas respondem muitas vezes com expressões
banais, como sim, ou não, aos esforços comunicativos das crianças, não
estabelecendo uma relação real com o que as crianças pretendiam dizer e
deixando as suas perguntas sem resposta ( Schjolberg, 1984).
Os adultos resolvem geralmente os seus
problemas de não serem capazes de compreender a linguagem da criança adoptando
uma atitude de controle na sua interacção com esta, dando-lhes ordens
fazendo-lhes menos perguntas (Bondurant, Romeo e Kretschmer,1983). Isto faz com
que o adulto sinta menos necessidade em compreender a linguagem da criança mas,
simultaneamente, impede a criança de controlar a interacção segundo os seus
próprios interesses.
O facto de proporcionar uma forma de Comunicação
Alternativa a indivíduos que não podem-se expressar através da fala tem como
consequência melhorar a sua qualidade de vida, proporcionando-lhes um maior
controlo sobre a sua vida e maior auto - estima, dando-lhes oportunidade de
sentirem maior igualdade na sociedade.
2. Planificação
de actividade “ Comunicação Aumentativa e Alternativa”
Esta Actividade tem como objectivo
geral proporcionar uma forma de Comunicação Aumentativa e Alternativa, e
estimular a comunicação verbal, para uma melhor integração social.
Como objectivos específicos foi
proposto, utilizar as técnicas de Comunicação Aumentativa e Alternativa para
dar a conhecer ao utente os dias da semana; e as actividades presentes na vida
diária.
Esta actividade apresenta
como grupo alvo constituído por 5 elementos, 2 do sexo masculino e 3 do sexo
feminino, com idades compreendidas entre os 25 e os 45 anos, neste grupo não existe comunicação verbal perceptível.
Este grupo tem
um meio de comunicação muito próprio, o que dificulta a comunicação entre eles
e o seu desempenho no grupo.
Não existe representação e percepção por parte de cada indivíduo em relação ao
outro, o que faz com que não exista partilha das dificuldades do grupo.
Por existirem vários graus de incapacidade
(afectiva/emocional), não se registam partilha de experiências, semelhanças e
proximidade espacial entre os membros.
A introdução da Comunicação Aumentativa e Alternativa
irá permitir um desenvolvimento da capacidade de comunicação o que significará
para este grupo, uma maior compreensão do que acontece à sua volta, maiores
possibilidades de expressarem as suas próprias necessidades e o acesso a
actividades mais complexas.
A actividade teve como objectivo especifica utilizar as
técnicas de Comunicação Aumentativa e Alternativa para dar a conhecer ao utente,
os objectivos e actividades presentes nas actividades diárias.
A acção desenvolvida foi: trabalhar os dias da semana; elaboração
de um calendário com os dias da semana;
As metas a alcançar, foram: trabalhar a capacidade
de memorização; trabalhar e de localização do utente no tempo;
O procedimento realizado: cortar rectângulos
de papel e distribuir pelos utentes, com o objectivo de eles pintarem os
papéis, de seguida cortar círculos de papel e pintar para colar em cima dos
rectângulos, a cor dos papéis e o número de círculos corresponde a cada dia da
semana, colar os rectângulos com os respectivos círculos numa cartolina branca
e plastificar. Apresentação do trabalho concluído e memorização.
Recursos materiais
utilizados na actividade foram: -Papel; Canetas de filtro; Cartolina; Papel
autocolante; Canetas; tesouras.
Actividades
- Trabalhar os dias da semana –
elaboração de um calendário com os dias da semana, com o objectivo de trabalhar
a capacidade de memorização e de localizar os utentes no tempo.
- Trabalhar as actividades
diárias – elaboração de um mapa com as rotinas diárias, com o objectivo de dar
a conhecer ao utente a programação das actividades programadas diariamente, de
modo a preparar o utente para a mudança de actividade desenvolver a auto -
estima, a valorização pessoal e a autonomia.
O espaço físico utilizado
para a realização da actividade é uma das salas de estar da CERCI Santa Maria
de Lamas. É uma sala com bastante espaço e com boa iluminação.
Estratégias para o planeamento e execução da actividade:
·
Foi
disponibilizada uma pequena mesa de apoio para suportar algum material que
facilite a comunicação;
·
Gestos;
·
Tabelas
manuais;
·
Pranchas.
Estratégias na interacção com o
adulto:
·
Dar
oportunidades de interacção do indivíduo com dificuldades comunicativas,
possibilitando-lhe oportunidade de execução do calendário e a memorização.
·
Dar
tempo para ele responder;
·
Provocar
a comunicação;
·
Mostrar
interesse por aquilo que o indivíduo expressa.
Comunicação
·
A
comunicação tenderá a ser mista (com ajuda e sem ajuda) com o objectivo de se
tornar independente. Contudo, a comunicação adquirirá fases em que se torna
dependente.
·
A
participação do sujeito com dificuldades comunicativas é total, pois participa
em todas as fases da actividade, embora precise de mais tempo para se exprimir.
·
Estes
indivíduos expressam-se através de um sistema de comunicação misto, usando
baixa tecnologia como os gestos de uso comum, sistemas baseados em elementos
muito representativos, sistemas baseados em desenhos lineares.
Conclusão
O presente trabalho tem como objectivo
elaborar a comunicação visto que, grande parte dos utentes apresenta
dificuldades de comunicação verbal (ou perceptível).
Este trabalho permitiu-me ter uma percepção
mais real sobre os vários níveis que existe na capacidade em se poder comunicar
com este tipo de utentes. Baseando-se no facto de que, ao trabalhar e interagir
com estes, implica utilizarmos todos os nossos esforços para que os utentes
tenham capacidade em se exprimirem e serem entendidos, o que por vezes é muito
desgastante tanto para o educador como para o utente. O tempo de concentração e
interesse por cada actividade é muito reduzido, reflectindo-se a necessidade em
ter que se mudar muitas vezes as actividades.
Contudo, devo salientar, que senti dificuldades,
porque planear uma actividade para um grupo de pessoas com dificuldades
comunicativas, não é tarefa fácil.
No entanto, acho que o meu trabalho
foi positivo, enriquecedor e bastante benéfico, apesar da falta de experiência
com este tipo de temática.
Bibliografia
Colecção
Educação Especial: Sofia Santos & Pedro Morato, Comportamento Adaptativo,
Porto Editora 2002.
Colecção
Educação Especial: Stephen Von
Tetzchner & Harald Martinsen,
Introdução à Comunicação Aumentativa e Alternativa, Porto Editora 2000.
Lamas,
P.R., Estela; Tarujo, Luís, Carvalho, Mª Clara & Corredoira, Teresa, Contributos
para uma Metodologia Cientifica mais Cuidada, Instituto Piaget, 2001
Sem comentários:
Enviar um comentário